Os líderes da Microsoft e do Google no Brasil estão soando o alerta: é urgente que o país invista na formação de profissionais capacitados em inteligência artificial (IA) e áreas correlatas. Segundo eles, há uma carência crescente de especialistas em tecnologia, o que pode comprometer a capacidade do Brasil de acompanhar a revolução digital.

Tânia Constantino, CEO da Microsoft Brasil, e Fábio Coelho, presidente do Google Brasil, participaram de um painel na Brazil Conference, evento organizado por estudantes de Harvard e do MIT, onde destacaram a necessidade de uma estratégia nacional voltada à formação em tecnologia.
“Não se trata do fim das profissões, mas da transformação delas. Se não capacitarmos as pessoas para essas novas funções, continuaremos com milhares de postos em aberto”, afirmou Tânia. Ela enfatizou que essa escassez não é um desafio restrito às gigantes da tecnologia, mas afeta toda a cadeia produtiva, de bancos digitais como o Nubank a empresas de entrega como o iFood.
Atualmente, estima-se que haja cerca de 500 mil vagas em tecnologia sem profissionais qualificados para preenchê-las no Brasil. A situação contrasta fortemente com países como China e Índia, que vêm ampliando a formação de especialistas, criando um cenário de competição desigual, nas palavras da executiva.
Fábio Coelho complementou apontando o baixo número de formandos nas áreas conhecidas como STEAM — Ciências, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática. “Enquanto o Brasil forma 280 mil profissionais por ano nessas áreas, os Estados Unidos formam 850 mil, e a China, mais de 3 milhões”, destacou.
Diante desse quadro, ambos defendem a criação de uma política de Estado para impulsionar a formação em tecnologia e inteligência artificial. Tânia ainda lembrou que, nos últimos dois anos, o governo brasileiro fez avanços em políticas de incentivo à instalação de data centers, e reforçou a importância de um diálogo contínuo com o setor público para ampliar essas iniciativas também no campo da qualificação profissional.